quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Cantilena

Canto porque o instante insiste.
Entre o que conserva e o que antecipa,
Um sopro secreto me inflama.

LONELY NOTES

Eu, entre os sinos sem mim,
alheio ao mar e à morte,
posso cantar, enfim.
Convulsivo e inexpressivo,
desafogado da última miséria,
pilho grãos de eternidade
e colho a verdade fechada
nas mãos humanas de um cão.
Aqui ouço o vão silêncio,
e treme a mão do toque que devolve-me
ao sino do desprezo
que a cidadela soa ante meus pensamentos.
Fecha-se a praça,
e ainda há desejo nos becos.
Recuso encarar o desmanche
da cor insone da noite.
Há mais de mil mortes hoje
sob a longevidade das famílias
que bebem ao próprio suicídio...
A esperança é uma folha da relva
que desespera as humanidades.
Ninguém, nem poeta, nem aos gritos,
libera esse átimo de respiro
que nos mantém conglomerados.
As crianças correm entre as mesas do bar
e agora sim algo persiste
entre os milênios vagos
que dissolvem essa hora solitária.
Amo o natal do menino tempo!
Quase amanhece e parece
que um vulto de ontem ainda me sorri avidamente...
A noite de natal acaba de assinar
sobre os bêbados
as letras úmidas da despedida.
E o sino se esqueceu de ser
a mera sombra desse eu insólito.

sábado, 19 de abril de 2014

quinta-feira, 27 de março de 2014

A manhã fixa nos anzóis do tempo 
Uma solidão de mãe.
Uma fissura na fragilidade
E nada mais soa composto, 

Tudo morre incompleto:
Suas lágrimas são um rastro atávico
De um silêncio e de uma distância,
Uma lembrança periódica da impossibilidade.

A mãe tem com a manhã
O mesmo gesto de véu que não esconde,
Mas guarda o futuro,
O chão movediço do futuro.

Para Marthinha Alves, amiga do mar da alma.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

ficai agora no estado de alma dos pequeninos dos quais é o reino de deus.não vos impeçais!

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

desde a cama

cato sob os óculos em cruz, 
a caminho das sandálias,
que um peixe morre no aquário.

como o solilóquio oco de um martelo,
algo trepida-se e entranha-se na manhã. 

fixo no mínimo do peixe.
e vejo o vento e o vento é da cor daqueles olhotes.
o vento intocável é a desalma do peixe,
levá-lo-á a além e aléns.

(augusto dos anjos que me pariu,
leio e sinto seu humor frio,
rio contigo dos ridículos ,
faço rir aos mais ridículos.)

um nada de peixe ali, 
uma pura demolição.
Isso´é que é.

Cadê o Augusto da prateleira?
Quero rir, Augusto.
mas posso fumar.




Das linhas verbais digitadas
Restará uma resma de sentidos;
Qualquer coisa entre as faces dos amigos:

Uma autobiografia não-autorizada.