quinta-feira, 30 de junho de 2011

Arte de amargar bestas

A besta chegou.
Ela não era aquilo que o sacerdote esperava.
(Ser sacerdote é saber dominar a ânsia,
ser artista em esperar).
A besta era realmente algo de se esperar,
Porque era bela.
Coisa que raramente aparece e se parece com vida.

Passava por entre qualquer definição, 
Roubava-se de tudo,
Era um conjunto de fluxos banhando tubos larguíssimos no interior das veias, 

Vazavam pelas mãos duras como a areia mais fina.

A besta era sem nome,
Sem gênero,
Sem idade,
Sem cor,
Sem humanidade.
E era linda, relampejando-se em signos
Porque a besta falava
Entrecortada pela luz do sol.


Os sacerdotes não tinham mais o alto do cume,
nada que esperar:
A besta, o dragão, o cristo, o deus, a vida estavam ali: nenhum e todos.
Houve mudança imediata nos códigos da Verdade eterna.
A virtude de esperar foi substituída pela arte de amargar as bestas.
Torná-las o último grande horror.
(O limite do horror já foi vivido infinitas vezes)
 Sacerdotes do último horror!

Mas bestas são absolutas
E matam aos poucos 
Armadas de desprezo e riso
O mórbido pastoril