sexta-feira, 14 de junho de 2013

O CAIS

Ele vem da ilha,
ela vem do mar.
O cais que os divisa
forma o seu lugar.

Canto de sereia
soa sem perdão:
entra e se entremeia
em seu coração.

Ele, em harmonia,
no tom mais sutil,
ancora sua ilha
no claro do estio:

Mil raios solares
em anunciação,
para além dos mares,
da nova visão.

Pálido poeta
forja na canção
força descoberta
nessa sensação.

CANTIGA DE AMIGO

Menino de serra
de raro calor,
que abraço te encerra
nos seios do amor?

Clareira e doçura,
a moça solar
aloja sua lua
nos braços do mar.

Tão forte se enlaça
no olhar tal visão,
rebrilho essa graça
em voz e violão.

O golpe e o machado,
o lobo e o uivado,
Amor quando amado
é força ao quadrado.

OUTRO

Eu não ando por ruas
nem sinuosas, nem retas.
Eu não amo pessoas
nem expansivas, nem quietas.
Eu não escrevo poesias,
transcedentais ou concretas.
Vivo avizinhado a onde quer que me busquem.
Não me confundam, não sou isso,
nem alegre, nem poeta.