segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

MEMÓRIAS DE TRILHOS


Os trilhos dos trens da Central hoje assistem
a morte movendo-se através dos corpos ressequidos de meninos,
Velhos que não amadurecerão.
Serão a sombra súbita de uma ação fria, tensa e silenciosa
Entre a pedra, o cachimbo e o fogo.
O escuro que os abriga aviva memórias de um porão sujo
Onde escravos contavam os dias de seu ocaso.
A mente é agora a escrava de um prazer repentino
Seguido e antecedido de um vazio.
Não há tempo para esses meninos,
Sequer há meninos.
Os trilhos de trens da Central
Assistem sem surpresa ou espanto
Um nova infância
Que não aprendeu a imaginar, nem a esperar.
Deitada sobre a ferragem
A lembrança infame desses meninos
Esquece-se como aos trens que deixaram de passar,
Mas ainda se expressam em sua ausência.