terça-feira, 27 de agosto de 2013

Haikai

Noite nova sem perfumes.
Que merda me cheira e eu não sinto?
Povoado de misérias e mistérios.


Sobre o Ciúme

O corpo do amor, para que aumente em força e,
logo, se diferencie de si e em si,
precisa achar-se sobre o ser-amigo, seu limite, sua honra.

O ciúme é a novidade do amor.
Todo o restante são suas redundâncias.
Amar o próprio ciúme é um modo do pensamento.
E, ao mesmo tempo, é despedi-lo, imperceptivelmente...

Haikai

Tarde fria sob o sol.
Ruas do meu coração habitadas
Por um silêncio maciço.

Terceiras Margens

Menino ajeitou o sorriso no lado suave da face,
Mirou o fundo da alma de seu amigo
e despejou de suas franjas negrolaminadas

um odre pequeno, contendo um segredo.
Rapaz desatou a tampa, quebrou o odre.
Foi-se o segredo, invisivelmente.

Menino ajeitou o sorriso. Agora para trás dos olhos.
As puras sombras no gesto do rapaz trouxe-lhe silêncios
E a tranquilidade de quem não tem qualquer segredo.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

O CAIS

Ele vem da ilha,
ela vem do mar.
O cais que os divisa
forma o seu lugar.

Canto de sereia
soa sem perdão:
entra e se entremeia
em seu coração.

Ele, em harmonia,
no tom mais sutil,
ancora sua ilha
no claro do estio:

Mil raios solares
em anunciação,
para além dos mares,
da nova visão.

Pálido poeta
forja na canção
força descoberta
nessa sensação.

CANTIGA DE AMIGO

Menino de serra
de raro calor,
que abraço te encerra
nos seios do amor?

Clareira e doçura,
a moça solar
aloja sua lua
nos braços do mar.

Tão forte se enlaça
no olhar tal visão,
rebrilho essa graça
em voz e violão.

O golpe e o machado,
o lobo e o uivado,
Amor quando amado
é força ao quadrado.

OUTRO

Eu não ando por ruas
nem sinuosas, nem retas.
Eu não amo pessoas
nem expansivas, nem quietas.
Eu não escrevo poesias,
transcedentais ou concretas.
Vivo avizinhado a onde quer que me busquem.
Não me confundam, não sou isso,
nem alegre, nem poeta.

quarta-feira, 22 de maio de 2013